dezembro 29, 2006

Ensina-me a empreender um novo início, a destruir os esquemas de ontem, a deixar de dizer «não posso» quando posso, «não sou» quando sou, «estou bloqueado» quando estou totalmente livre.
Rabbi Nachman di Braslav

dezembro 28, 2006

"vai aonde te leva o coração"

Sempre que, à medida que fores crescendo, tiveres vontade de converter as coisas erradas em coisas certas, lembra-te de que a primeira revolução a fazer é dentro de nós próprios, a primeira e a mais importante. Lutar por uma ideia sem se ter uma ideia de si próprio é uma das coisas mais perigosas que se pode fazer.

E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.

Susanna Tamaro

dezembro 23, 2006

Acabou-se a época da laranja.

dezembro 22, 2006

Nós podemos cortar com o passado,
mas o passado não pode cortar connosco.
Magnólia

dezembro 21, 2006

tanto e tão pouco

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através das janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

Fernando Pessoa

dezembro 14, 2006

Imaginem... Temos uma forte amizade, durante anos, por uma pessoa que admiramos, mas que jamais imaginamos como amante. Contamos-lhe tudo de nós e um belo dia, sem darmos por isso, incendiamo-nos e o fogo arde, arde... Vigorosamente, como um fósforo aceso lançado sobre o feno.
A Música no Tempo, Margarida Afonso

dezembro 13, 2006

By the way I tried to say I'd be there
Waiting for.

Red Hot Chili Pepers

dezembro 09, 2006

amigo maravilhoso

Verifico agora que a minha dedicação às Grandes Causas foi crescendo na proporção inversa da minha decepção com as Grandes Pessoas da minha vida. Tomei a amizade como uma versão adulta e vacinada do amor, o que significa que transferi para a casa dela a artilharia pesada do meu batalhão de afectos. Substitui o Principe Encantado pelo Amigo Maravilhoso, que eras tu. Podias ser meu pai, eras o meu discípulo. Nada nos podia separar, porque estávamos naturalmente livres das armadilhas do desejo, da via sacra da posse e do sacrifício. Quanta candura.

Fazes-me Falta, Inês Pedrosa

dezembro 03, 2006

"quanto custa um sorriso?"

Diz quanto custa o seu sorriso
Diz quanto custa o seu amor
Faço o que for preciso
Faço tudo que preciso for
Eu pulo do alto da torre
Só por você
E subo no topo do mundo tentando
Encontrar, seu olhar
Riqueza nem ouro eu tenho a oferecer
Só tenho no peito o tesouro guardado
P’ra te dar, te amar
O que você quiser tem em mim
Tudo que há em mim eu te dou
Tudo tudo tudo, amor
Tudo tudo tudo

Daniela Mercury

novembro 23, 2006

Popeye, o Marinheiro

Saíste de casa. Levaste-me contigo. Até à praia. Atiras-te uma pedra ao mar. Fiquei a ver. A desejar que com ela se fechasse um velho capitulo da tua vida. Para que eu pudesse entrar nela. Criar um novo tempo para nós. O “nós” não existiu. Foste tu. E fui eu. Passou um ano. E quando cada um deu o seu passo em frente atamos um olhar cúmplice que nunca se desprendeu. E do amor, ou lá o que era, criamos uma amizade pura. Entras no meu carro. Conduzes tu. Dás uma volta a cidade e falas-me delas. Dos novos amores da tua vida. Não tenho ciúmes. Aconselho-te. Digo-te sempre a minha opinião. Sempre te disse. Sempre sincera. Pedes-me para ter juízo. Digo-te “sabes que sim”. Mas afinal é a ti que ele às vezes falta. Não faz mal. O meu ombro de amiga vai estando sempre aqui. Desejas-me toda a felicidade. Eu sei. Foi por isso que gostei tanto de ti. Desejo-te o mesmo. Sim, eu sei que tu sabes. Olhas-me com carinho. Sorris. Dizes adeus. Sais. Entras no teu carro. Eu vou embora, vou para casa. Tu vais para a tua. Não mando mensagem. Já não é tempo. Sei que estás “ai”. É bom saber.

novembro 22, 2006

pedras no caminho

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
Fernando Pessoa

novembro 17, 2006

o valor das coisas

O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
Fernando Pessoa

novembro 16, 2006

Um casal de pegas rabudas faz o ninho em frente à minha janela – todas as manhãs sou acordado pelo seu intenso grasnar e fico a vê-las trazer pauzinhos com o bico – acho que é um sinal de boas-vindas ter dois passaritos assim expostos na sua intimidade – é como se me dissessem "eis um bom lugar para começar tudo de novo. Fazemos-te confiança…” o marroquino do bar da esquina recebe-me sempre com um rasgado sorriso e um caloroso aperto de mão - de vez em quando oferece-me mesmo as bebidas – está outra vez a chover - chove muitas vezes - uma chuva miudinha, que mal se sente e que não impede ninguém de sair de casa - nestas alturas o céu fica pesado, cor de chumbo, a tocar os telhados – é quando eu mais gosto de ir à deriva, levado pelas sombras que aqui e ali afloram em determinadas ruas.

Humano, Adolfo Luxúria Canibal e Miguel Pedro

novembro 15, 2006

pelas vezes que não disse e pelas que devia ter dito

Era uma vez um menino que era o melhor em tudo: o melhor atleta, o melhor estudante, mas o que nunca soube foi que tinha sido um bom filho, um bom companheiro, um bom amigo... Num dia de depressão, o menino deixou-se morrer... Quando ia a caminho do céu, encontrou um anjo que lhe perguntou "Porque fizeste isto se sabias que te amavam tanto?", ao que o rapaz respondeu: "Há vezes em que mais vale uma só palavra de consolo do que tudo o que se possa sentir... Em tão longo tempo eu nunca ouvi eu gosto de ti". Como o anjo ficou pensativo, o rapaz disse: "E sabes o que dói mais?". O anjo, triste, perguntou-lhe "o quê?". E o menino respondeu "Que apesar de tudo eu ainda espero ouvir um dia um eu gosto de ti"...

novembro 09, 2006

durante um ano a nossa a vida não passou de um "se"

Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração.
Você sabe que eu só penso em você,
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser, se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer p'ra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Djavan

novembro 08, 2006

"Hoje, amanhã, todos os dias...
quero que sejas minha... sempre, para sempre...*"

D.O.

novembro 02, 2006

MaryStrawberry

Unidas por aquilo que vamos sendo juntas... O Hype que dividimos com carinho, a dupla que se tornou tripla, as vitaminas: a laranja, o morango, o maracujá... Os incontornáveis cigarros do caminho até casa, a esquina onde passam os "noddy's"... o bacardi que nos faz rir demais, o martini que não o faz... os kalaches de inicio de noite, os shots azuis no final... a tua casa que vai sendo também um bocadinho minha, os segredos da nossa amizade que ela esconde por detrás de memórias de momentos felizes... as letras das músicas que vamos partilhando, o carnaval dançado a 4 pés... as sextas e os sábados... a palmeira do Tunel e a pista do Faraó... "o amor, às vezes só confunde a gente, não sei, se com você pode ser diferente"
Escreveu Inês Pedrosa que o importante não é o que se ama, mas sim a matéria desse amor. E são tantas, Mary, as sucessivas camadas de amor que se vão acumulando a cada dia que passo nos trilhos da tua vida... Eu e tu... o Hype a meias... o banco de jardim... Podiamos escrever um romance... sobre as várias formas de amor... Afinal as nossas vidas são cheias de amores... E amor é também aquilo que vamos repartindo, nas conversas partilhadas, nos nossos sorrisos divididos até às tantas naquele espaço só nosso... Ou as lágrimas que repartimos e mesmo os nossos momentos gloriosos "nós queremos é bolinhas, bolinhas e smiles!!", as maiores, até na sueca!
E tudo isto por seres tu... inocentemente linda, heroicamente amiga, companheira de tantas e tantas aventuras... colega de sonhos e de vitórias, simplesmente Maria...
Um beijo, na boca claro.

outubro 23, 2006

mulheres

As raparigas, por natureza e formação, gostam de ser independentes, o que alivia muito a carga geral da vida. E se não gostam, reprimem-se, porque acham que não está certo. E não está. Quando se apaixonam, resistem corajosamente. As amigas ajudam-nas. Fazem-lhes ver a triste figura que podem vir a fazer, caso fiquem submetidas às arbitrariedades da pessoa que amam. Não há homem que possa dizer duma mulher que «é minha». Ou melhor, lá dizer, dizem - sobretudo à própria mulher, para consumo interno, a ver se pega - mas sabem que é impossível.

Cemitério das Raparigas, Miguel Esteves Cardoso

outubro 16, 2006

incompatibilidades

E Deus não te deu coração?

Acho que não.

Faz-te falta.

Dou-me bem sem ele.

E os outros?, pergunta o homem.

Que passem bem. Não desejo mal a ninguém. Se toda a gente fosse feliz, não levantava objecções.

És difícil.

Sou impossível.

Mas és irresistível.

Tens razão, diz ela.

Já não é mau, diz ele.

Mas não é nada de especial.

É verdade.

Cala-te, então.

O Cemitério de Raparigas, Miguel Esteves Cardoso

agosto 03, 2006

paixão vs esquecimento

Por vezes, a paixão por um homem não traduz mais do que a necessidade imperiosa de se esquecer outro.

Uma Mulher Não Chora, Rita Ferro

julho 25, 2006

sinónimos

Quero acordar outra vez, e esquecer que um furacão atravessou a minha vida e desarrumou as gavetas fechadas do meu coração. Restam-me agora umas meras esperanças de que o meu coração abra a janela dos fundos, e deixe um novo vento entrar e arrastar consigo os restos de almas perdidas que por lá vagueiam. E, se no vento que lá entrar, um novo sopro de vida renasça, que seja agora que eu descubra que felicidade e amor são palavras sinónimas.

julho 17, 2006

a simples razão

Encontrei um homem, e apaixonei-me por ele.

Deixei-me apaixonar por uma simples razão: não espero nada...

Onze Minutos, Paulo Coelho

julho 12, 2006

(falta de) consciência

Não sei o que é nem me interessa, mas há qualquer coisa. E não me perguntes se ainda gosto de ti ou outras perguntas do tipo sim ou não, porque as mulheres não funcionam assim. Digo-te já que não sei, e nem sei se vou saber tão cedo. Gosto de ti porque foste meu, e gosto de ti porque poderás voltar a sê-lo um dia, se quiseres ou achares que vale a pena. Agora não gosto tanto, porque penso noutra pessoa e não tenho consciência de mais nada.

Uma Mulher Não Chora, Rita Ferro

julho 10, 2006

um dia

Um dia, vais mesmo sentir amor por alguém que te vai descartar. E vais sofrer a perda, a dor, a ausência, o silêncio e a indiferença. E vais ligar dez vezes para o telemóvel de alguém, mergulhado em raiva e sofrimento. Do outro lado, ninguém há-de atender. E essa mulher desconhecida, que imagino mais nova, mais fresca, mais bela e muito mais forte do que eu, lerá as tuas mensagens desesperadas com um suspiro enfadado, para logo a seguir as apagar, sem pensar duas vezes. E encolherá os ombros perante os embrulhos de presentes que lhe deixares à porta e virar-te-á as costas, quando te avistar ao longe numa festa. Um dia, uma mulher qualquer, provavelmente uma miúda, vai fazer-te o mesmo que me fizeste. Mas enquanto esse dia não chega, agarro-me às minhas memórias e, de vez em quando, apesar de saber que não atendes os meus telefonemas, não respondes às minhas mensagens e bloqueaste o meu endereço de e-mail, ainda espero por ti…
Vai chegar o dia em que terás de atender o telefone, terás de responder às minhas mensagens, terás de me enfrentar e me explicar porque é que desapareceste da minha vida.
Pessoas Como Nós, Margarida Rebelo Pinto

julho 07, 2006

alma de pássaro

E se um dia destes o Miguel acorda e decide abrir as asas e cruzar os céus? Só de pensar nisso fico com dores de estômago e um arrepio desce-me desprevenidamente pela espinha. Estarei assim tão presa a ele? Quando começámos nem sequer o levava a sério...

Encolho os ombros e respiro ainda mais fundo, à procura de uma força qualquer que não encontro. Afinal, do que é que eu estava à espera? Vem aí o Verão, e quando o Verão chega, fica tudo mais ou menos confuso, como diz o Fred.
Boys will be boys. Talvez a Ana e a Teresa tenham razão: vivo com demasiada fé e dedicação uma relação que, afinal, não é assim tão sólida. Ou, se calhar, é. Mas eu sou tão insegura que já ponho tudo em causa, só porque ele, hoje, vai jantar com os amigos e não passa comigo o fim-de-semana. Que chatice, estes medos fazem de mim a minha maior inimiga, se continuo assim, a minha vida rapidamente se transforma num inferno.

Mas quem corre por gosto, não cansa.

Se não fosse o Miguel, não sei o que seria da minha vida. Já nem me lembro como era antes dele aparecer...

- Um dia destes vou-me outra vez embora, já sabes como sou...

Eu sei, mas não me interessa. Nunca me interessou o que é que o Miguel ia fazer no dia seguinte, muito menos dai a uns meses. Habituei-me a tê-lo ao meu lado, sem lhe exigir mais do que a sua presença e o amor que tem para me dar. Habituei-me sobretudo a não esperar nada e a receber tudo o que me dá como uma dádiva, uma éspecie de bónus, o prémio que deixa o bom funcionário surpreendido.

...olho para o Miguel a dormir a meu lado, e lembro-me de que não é meu, que pode partir de um dia para o outro, como fez o Pedro. Mas quando acordo e no dia seguinte ele ainda lá está, penso que cada dia a mais já é uma eternidade. E os dias sucedem-se numa paz harmoniosa e tão doce que vai apagando a memória das discussões com o Pedro...

O Miguel está, sem saber, a apagar os fantasmas... O Miguel está a fazer-me bem, e só por isso, já merecia o mundo.

Gosto de me derreter pelo fio a falar com o Miguel.

E porque é que não há-de resultar uma relação que tem tudo, com uma pessoa que adoro, com quem me dou tão bem em tantas coisas? Antes do Miguel aparecer na minha vida, vivia sempre com a sensação que demasiadas coisas me passavam ao lado.

Quem ama e consegue esquecer é uma espécie de assassino: mata a realidade, apaga-a, renega-a e tranforma-a num pesadelo absurdo no qual somos obrigados a aprender outra vez a viver.

Alma de Pásaro, Margarida Rebelo Pinto

ponto final

O ponto no final da frase. Um espaço em branco numa linha recta. Dirias, "foi uma vida que ficou para trás". Mas eu nunca acreditei no que tu dizias, porque tu não sofrias. Ou pelo menos, não sofrias como eu. Eu era o sangue, a lágrima e a dor do nosso sofrimento. Tu, limitavas-te a ser memória. Eu gritava, zangava-me e não compreendia. Tu fechavas os olhos e fingias que nada acontecia. Eu ia embora zangada, tu não ias. Tu nunca deixavas o teu mundo, nem me emprestavas quando eu precisava. Foi ao conquistá-lo que percebi que nunca ia ser meu. Eu queria ser feliz a teu lado. Tu só querias ser feliz. E a nossa felicidade caminhava lado a lado, mas não tinha o mesmo destino. Seguimos sempre o mesmo caminho, mesmo quando os nossos mundos tomaram sentidos diferentes. E reconhecemos, mesmo ao longe, os sorrisos que nos uniram por uma vida inteira. Mesmo assim, tu nunca quiseste voltar a trás. E eu, nunca tive coragem de correr a trás de ti.E como as nuvens do tempo que passaram, outros sorrisos vão abrindo caminho por uma janela nos fundos. Porque hoje, acordei e vi: "há uma nova estrela a brilhar no céu."

julho 04, 2006

na minha lua


Eu tava na lua e a minha lua partiu-se.


Maria João Lopo de Carvalho, Adopta-me

eu

Achava que o mundo era muito grande e que não ia ter tempo de ir a todos os sítios que queria nem de conhecer todas as pessoas que sonhava que existiam. Queria beber a vida toda de uma vez, queria tudo ao mesmo tempo, achava que sabia imensas coisas, distinguia o bem do mal e o preto do branco, vivia rodeada de sonhos e cheia de certezas.


Alma de Pássaro, Margarida Rebelo Pinto