julho 10, 2006

um dia

Um dia, vais mesmo sentir amor por alguém que te vai descartar. E vais sofrer a perda, a dor, a ausência, o silêncio e a indiferença. E vais ligar dez vezes para o telemóvel de alguém, mergulhado em raiva e sofrimento. Do outro lado, ninguém há-de atender. E essa mulher desconhecida, que imagino mais nova, mais fresca, mais bela e muito mais forte do que eu, lerá as tuas mensagens desesperadas com um suspiro enfadado, para logo a seguir as apagar, sem pensar duas vezes. E encolherá os ombros perante os embrulhos de presentes que lhe deixares à porta e virar-te-á as costas, quando te avistar ao longe numa festa. Um dia, uma mulher qualquer, provavelmente uma miúda, vai fazer-te o mesmo que me fizeste. Mas enquanto esse dia não chega, agarro-me às minhas memórias e, de vez em quando, apesar de saber que não atendes os meus telefonemas, não respondes às minhas mensagens e bloqueaste o meu endereço de e-mail, ainda espero por ti…
Vai chegar o dia em que terás de atender o telefone, terás de responder às minhas mensagens, terás de me enfrentar e me explicar porque é que desapareceste da minha vida.
Pessoas Como Nós, Margarida Rebelo Pinto

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