
Incrível sensação de liberdade. Ou, quem sabe, a liberdade em si mesma.

Na despedida, ficam os bons momentos.
Ficam os 3 anos de lutas e vitórias.
Fica o 1º dia, e fica antes dele, até.
Ficam os que por lá passaram, que foram tantos. Ficas em especial tu, minha dupla imbatível.
Ficam os banhos, os shots, as lições de caipirinhas, as botijas de gás, as cadeiras, as fotos, as músicas, os apertões, as amizades, as lágrimas, os sorrisos, o Bacardi, a Vodka, o Famouse...
Os momentos menos bons ficam também. Superamos o impossível! Afinal, batemos todos os records em tempos de crise.
Hoje, a última. Desta vez, é mesmo a última.
Lição de 3 anos: acreditar sempre, nunca desistir.
Que enorme vontade de pegar na Vito e fazer 500 km com vocês só pelo prazer que é voar sobre aquele manto branco... Há coisa mais bonita?Arrebatada por uma falta de incertezas. Incertezas essas que são o sonho e o risco daquilo a que chamo vida. No meio de tantas (e tão poucas) certezas, fico-me pela certeza de que estou onde devia estar. E que caminho para onde me levas. Habituei-me a uma vida cheia de incertezas. Vivi sempre na realidade (ou ilusão) que o importante é ter a certeza do que não quero, mesmo sem a minima ideia do que quero. Estranha forma de vida esta.
Hoje, dou por falta das incertezas. E nada do que tenho é certo. Falta a incerteza de saber se estás ai ou não (estás e pronto!). Falta a vontade das coisas novas, a incerteza de como elas serão. A certeza hoje é de viver tudo, o que é novo ou velho, no meu mundinho feliz (encantado e azul por também ser vosso). Na verdade, neste momento que é o agora, tudo é certo e tão certo é também que tudo que vai deixar de o ser. Fico-me então pela mais bonita certeza, em toda a sua imperfeiçao: com vocês por perto, certo é tudo aquilo que eu quiser.

muito de a ter na minha vida. Veio dar mais cor ao arco-iris, e tornar a vida universitária bem mais divertida. Consigo é tudo mais fácil, a visão da vida é cor de rosa, e os sonhos nunca são impossíveis. E no meio de tantas músicas, gralhas, contestações, parvoices e brincadeiras, nasceu uma amizade para a vida. E, um dia, quando formos velhinhas e estivermos a jantar no Sushimoto ou a beber uma sangria de champanhe na Mercearia Vencedora, iremos rir de todas aquelas peripécias que fazem da nossa vida um mar de alegria!
Neste dia especial, ficas tu, mais que qualquer outra pessoa, no lugarzinho especial que tu conquistas-te. Num lugar que é só teu. Porque muitos outros entram e saiem. As nossas vidas são feitas de pessoas que entram e saiem. Mas há os que ficam sempre. E tu ficas, sempre. Alias, tu estás sempre. Mesmo na ausência, na distância e na saudade, nos trilhos lisboeta e "cascaense" das nossas vidas que nos separam por breves instantes, tu estás sempre comigo. E isso é o mais mágico de tudo. Entre nós não há nada por dizer e os nossos silêncios falam por nós. E basta um olhar ou um sorriso. Percebemos sempre. Confiamos sempre. E fazemos da vida uma festa. Uma eterna festa, alegre e azul. Cheia de sonhos. Cheia de memórias, códigos, vitórias. Até nas lágrimas descobrimos o sorriso. E no Hype encontramos um amigo. Deixamos as nossas marcas pela passagem. Choramos e rimos em Santa, e a tua casa cheira sempre a nós. Partilhamos histórias e rimos à parva na esquina, e ainda hoje ela é mais nossa do que de qualquer outra pessoa. Contavamos histórias enquanto fumavamos os incontornáveis cigarros do caminho até casa. Dançamos no Horagá, no 3A, no Bate-Papo, no TVD, no Living, no Faraó... Rimos, bebemos Bacardi e fomos felizes. Fazemos do Páteo a nossa casa, e contigo aquela casa ganhou mais sentido. Subiste a palmeira do Tunel e sorriste, eu fiquei a admirar a simplicidade da nossa felicidade. Somos felizes com pouca coisa, pensei eu, tantas e tantas vezes. Ás vezes achamos que não, mas na verdade a felicidade é uma constante na nossa amizade. Mesmo sem os girasóis, o azul, a efémera, o Hype, os 3 mosqueteiros e todas aquelas coisas que fazem parte da nossa vida. Mas tu estás ai. Eu aqui. E nós vamos estando juntas em qualquer lugar. Juntas. Voltei alguns anos atrás.
Ao tempo em que Torres Vedras era a cidade das aulas, e Santa Cruz a terrinha de uns fugasses dias de verão. Nesse tempo, a vida decorria ai, entre os limites de Benfica e do Linhó. Mais umas semanas na manção da Rocha, uns fins de semana na Salema ou na Quinta da Dádá, as férias do Natal em Serra Nevada ou Andorra, ou os dias no Luso ou na barragem de Castelo do Bode. Que mais poderiamos nós querer se nunca nos faltou nada?
Quatro crianças felizes. Eramos todos tão diferentes que nunca nos fartavamos uns dos outros. Eu era a mais presente, não dividia os fins de semana entre a mão e o pai. Mas era também a mais distante, a minha veia torreense ia sempre comigo e nem sempre ficava à porta. Nos anos em que fomos só quatro era tudo mais fácil. Nasceu uma amizade para a vida. E, como se de uma eternidade fosse, nasceu também o meu primeiro amor. E seguiu-se o primeiro beijo. E eu lia Tiago Rebelo (Para Ti, uma Vida Nova) só pela coincidência no nome: M.C. Mas o grupo foi crescendo, e a entrada do resto da juventude foi o passo maior para o nosso afastamento.
Na altura, Summer of 69 levava-nos ao rubro, acho que nunca soube bem porquê. E faziamos uma viagem Salema-Lisboa a ouvir sempre a mesma música - a letra dos Eagles ficou, ainda hoje a sei decor. Talvez a tenha guardado como recordação da queda propositada nas águas frias da barragem ou da falta de pontaria nos tiros às galinhas com a pressão de ar. Ou talvez só por guardar, como tantos outros momentos de uma boa época.
Ao longo dos anos fomos aprendendo e reaprendendo com as vitórias e as derrotas, as alegrias e os erros dos adultos. Ensinaram-nos um milhão de coisas. Poucas coisas batiam certo com o que aprendiamos londe dalí, mas nunca nos questionamos sobre isso. Era assim e pronto. "Há vidas mais baratas, mas não prestam" (D.V.) era o nosso lema de vida, e dava o mote aos alomoços tardios no Meco ou ás tardes de piscina no Linhó. Era tudo tão perfeito.
E hoje, tenho saudades de ti Linhó. Saudades da amizade que deixaste acabar. Saudades de um tempo que afinal nunca existiu. E ponho em causa toda a minha infância e juventude. Afinal, o que sempre me ensinaram, para vocês não passava de palavras. Os valores, a amizade, o amor. O que é isso afinal? Se vocês não sabem, como podemos nós, vossos disciplos saber? No meio de um grupo tão grande, eu continuei a acreditar. Por muito tempo. Talvez tempo de mais. Hoje, já não acredito.
Disseram-nos, durante tantos e tantos anos qua a amizade move montanhas. Agora sei que não. Mostraram-me vocês que quem comanda é a carteira. No meu tempo, a amizade não se contava em escudos, e as fotos das revistas era tema de última opção. Se voltasse hoje, não saberia viver com toda a subtileza da luxuria. Fui ensinada a viver bem. Não a viver como é de bem.
E, se ao fim de muitos anos, nos juntarmos todos (geração perdida) numa mesa de jantar (talvez no António, para ter mais sentido), espero encontrar ainda o meu lugar. E se no final não houver discussões e ninguém se chatear, prometo que nunca mais dúvido que tive a infância mais bonita do mundo.
Pupa
Tenho fases, como a lua Lua Adversa, Cecília Meireles
