fevereiro 24, 2011

vida de mulher é dura

uma mulher trabalha o dia todo, ou parte dele, e ainda há aqueles dias em que trabalha de dia e de noite, porque a crise obriga a dois ordenados e mesmo assim é pouco. creio que nasci para ser rica e não estou nada contente com o rumo das coisas. depois do trabalho, chega-se a casa de rastos, tira-se a roupa do estendal, dobra-se, faz-se os pares de meias, arruma-se no armário, mete-se outra máquina de roupa a lavar, varre-se o chão da cozinha cheio de pêlos do coelho, limpa-se a gaiola do bicho, dá-se comida, feno e água. muda-se a água do aquário do peixe. tira-se a loiça da máquina para por a outra que já está a fazer equilibrismo no lava loiça. arruma-se os sacos das compras, que tanto trabalho já deram a trazer do carro até casa. tira-se qualquer coisa do congelador e faz-se o jantar. entretanto, estende-se a roupa que se tinha posto a lavar. põe-se a mesa. depois de jantar, volta-se a por a loiça na máquina, põe-se a máquina a lavar. e com isto já é tardíssimo, vai-se um bocadinho até ao sofá ver os gordos ou os cozinheiros, e num piscar de olhos são horas de ir dormir porque amanhã é dia de trabalho, não sem antes tirar lentes, tirar maquilhagem, tirar o verniz já meio descascado, despir, por creme no corpo, na cara, nas mãos, batom do cieiro, vestir pijama e tomar a pílula. de manhã, dá comida ao coelho, toma banho, veste-se (depois de se debater com o cliché tanta-roupa-e-nada-para-vestir), maquilha-se para esconder o cansaço e as noitadas que não perdoam, vai trabalhar, aproveita para levar o lixo antes que comece a cheirar mal. à tarde sai do trabalho, volta para casa e recomeça tudo de novo, outra vez, dia após dia. e isto até é um caso de uma mulher de sorte, com uma empregada de 15 em 15 dias, que a livra do aspirador e do ferro de engomar. acho que já aqui disse, mas não nasci para ser dona-de-casa.

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