agosto 14, 2007

páginas soltas

O Livro dos Livros, Vladimir Kush

Ás vezes, abrem-se páginas da nossa vida sem dar-mos por isso. Umas cheiram a novo, trazem coisas boas e um mundo por descobrir. Outras, estão amarelas e gastas, amarrotadas pelo tempo, lidas e relidas. Essas, voltamos a fechar. E po-mos uma etiqueta para não mais as abrir: passado. É um ponto de vista. A vida como um livro, onde os capítulos são as várias etapas do nosso caminho.
Prefiro pensar agora que a minha vida tem muitas páginas soltas. Não me importa se são passado ou sonhos, nem ando à procura do fio para uni-las. Basta-me olhar em frente, sei por onde seguir. Sei o que quero guardar. Sei o que procuro e sei o que não quero. Quando ando por fora, levo comigo as partes, (quase) todas as minhas partes. Fica sempre um pedaço de qualquer coisa, talvez da alma, não sei. E quando regresso, nunca sei se o que senti foi saudade ou alívio. Sei que quero regressar, sei onde quero regressar. E sei porquê. Levo comigo os meus pedaços. Pelo caminho, deixo ficar as páginas soltas.

Sem comentários: