novembro 09, 2010

escolhas

não era nada disto que eu queria, mas acabei encafuada no mundo dos hotéis e das rent-a-car, dos cruzeiros, dos aviões no galileo e do overbooking, das agv's e da tabela de remuneração dos guias, por pax mais as anuidades e um sem fim disso tudo que quem é guia sabe. tem de saber.
mas não era nada disto que eu queria. era escrita, na nova. ou publicidade em benfica, já em segunda escolha. mas faltavam umas miseras décimas para a primeira opção. e acabei por escolher para onde queria ir em vez do que queria seguir e claro, estoril era bem mais a minha onda do que lisboa e bora lá então viver uns anos na linha.
era 2004 e não se esperava a crise. e todos me faziam vénia, muito bem, boa escolha, sim se há hipóteses de trabalho é no turismo. o futuro do país, empregos não vão faltar. pois onde estão esses trabalhos? essas hipóteses fabulosas que se me esperavam devem se ter cansado, minha culpa ter demorado 5 anos, pois veio bolonha e mandou 2 à vida e toca a começar do zero (valá, do 0,7 porque ainda me deram umas equivalências).
culpem me pelos 5 anos de boa vida que eu juro que não desminto. ah pois e repetia tudinho umas 20 vezes. é o sol da marginal, dá nos a volta aos miolos com uma pinta!
mas não foi tudo rosas. juro! afinal ainda estive 2 anos no mundo dos guias e o que dizem por ai não é mentira: é sim senhor dos cursos mais difíceis. mas quem pensa que saber de cor os monumentos do pais, por estilo arquitectonico, ano de construção, quem mandou, quem viveu, para que serviu, mais as lendas, a gastronomia de norte a sul e ilhas, a geografia na ponta da língua, os rios, as aldeias históricas? e ainda mais as línguas estrangeiras? a cultura inglesa e a gastronomia italiana? ai, já fiquei cansada só de me lembar.
agora aguento-me a servir copos e a treinar os músculos no shaker que vá-se lá dizer até nem me saio mal. e até que a sorte nem se me fugiu de todo e pôs uma estrelinha italiana na minha vida e bora lá ganhar uns trocos com a cachaça.
só é triste quando me mandas à cara que passo os dias em casa sem fazer nada. ora bolas, achas que foi para isto que passei 5 anos a gastar dinheiro e pestanas (e tu sabes o quanto eu gosto das minhas pestanas)?! não te passa pela cabeça o que isto me mói?
não sei se foi culpa da minha escolha. nem quero ir por ai porque mesmo que tivesse sido a errada, seria sempre a minha decisão, e tudo o que me trouxe não tem preço que pague. é mais fácil por a culpa na crise. nos valores elevados do desemprego. no sócrates. mas não me posso queixar de todo porque há quem dê valor ao meu trabalho e no fim do mês não me falta nada. isso sim, é uma forma de felicidade. apesar da minha enorme ambição que às vezes te chateia, chego ao fim do dia e sei que nada de essencial me falta. principalmente porque tu estás aqui.

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