maio 17, 2008

esconder para proteger

é anormalmente grande a quantidade de coisas que escondemos dos outros para nos protegermos de nós próprios ou para nos protegermos dos outros. mas também, e principalmente, para protegermos quem mais gostamos. olhos que não vêm, coração que não sente. torna mais simples a vida: não se diz o que nos custa dizer e não se magoa quem está a ouvir. e poupam-se discussões e chatices e lágrimas. às vezes, funciona.
mas como tudo na vida, a omissão acaba por ser descoberta no meio da conversa mais banal ou de uma arrumação mais superficial. ou vais a passar na rua e vês, ou ouves dizer, ou te contam a pensar que tu sabes. e tu ficas desconcertada, assustada, confusa, apática. não reages porque não sabes como reagir. as lágrimas invadem-te os olhos. a incredibilidade aperta-te o peito. como é que alguém nos pode ter escondido tal coisa?
mas nós não podemos obrigar ninguém a contar-nos seja o que for. cada um é livre de contar aquilo que quer, quando quer, a quem quer. às vezes não se conta porque se tem medo da nossa própria voz a dizê-lo. ou porque se pensa que a outra pessoa não tem o direito de saber ou porque se tem medo da reacção de quem nos vai ouvir. ou até, simplesmente, porque sim. é a nossa vida, as nossas decisões, e só partilhamos com quem se quer, com quem achamos que vale a pena. às vezes, porque a pessoa que mais tem o direito de saber, é aquela que menos queremos magoar, e por medo ou cobardia, seguimos em frente de mãos dadas com uma verdade que é só nossa e que não partilhamos com quem damos a outra mão.

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